Mercado de serviços pet cresce nos Municípios

Cada vez mais, criadores do interior tratam seus pets como da família e procuram fazer o melhor por eles

 

Banho e tosa são serviços muito procurados nas lojas de pets em Crateús pelos criadores de cães. Na região dos Inhamuns cresce a procura por tratamentos especializados/Foto: Silvania Claudino

"É como se fosse minha filha", "Sem ele eu não saberia viver", "Me faz mais companhia do que meu esposo". Expressões como estas são comuns no mundo dos criadores de pequenos animais, geralmente cães e gatos. Eles se dedicam de corpo e alma aos animaizinhos, passando a tratá-los de forma muito especial, como membros da própria família.

Tendência já presente nas capitais e cidades maiores, nos últimos cinco anos essa realidade se estendeu também ao interior. Claro que criadores sempre existiram por aqui e em outras regiões, mas essa relação se transformou. Antes, os animais geralmente eram criados de forma bem mais distante, sem essa relação afetiva mais forte e evidente atualmente. Normalmente passavam o dia pelas ruas, no quintal ou em outro local menos nobre da casa. Recebiam pouca atenção, praticamente apenas a alimentação, bem simples, por sinal. Hoje ocupam os mesmos espaços dos donos. Transitam pela casa, dormem no sofá e até no quarto. A alimentação é a base de ração, permeada por acessórios e guloseimas, como chocolates e até refrigerantes. Vão ao consultório médico regularmente. Usam produtos de higiene próprios para animais. Fazem tratamento de pele, entre outros mimos e itens nem imaginados. Atenção e carinho também são ingredientes fortes.

 

Acessórios, produtos de higiene, chocolates e até refrigerantes para cães são vendidos para os criadores destes animais em Crateús. Os donos querem "mimar" seus companheiros/Foto: Silvania Claudino

 
Quem comemora essa mudança é o mercado de produtos e serviços pet, que tem se expandido. Em Crateús, na maior cidade da região dos Inhamuns, a comercialização de produtos e serviços pet tem crescido muito nos últimos três anos. Seis lojas atendem a clientela da cidade e região, que vem ao Município em busca de atendimento e consumo para seus animais. Novas lojas têm surgido em alguns Municípios vizinhos, mas o centro do comércio é em Crateús. Algo em torno de 60 a 70 %, segundo os comerciantes que atuam no setor. "Hoje o que se colocar para vender de produtos destinados a cães, vende. Um criador compra, fala para os amigos e em pouco tempo o produto já está propagado", afirma Márcio Gleidson, gerente da Amicão, loja de produtos e serviços pet. No mercado há 17 anos, a loja, que também é clínica, se prepara para atender melhor seus clientes em novo local. "Devido à grande expansão do mercado, no próximo mês, mudaremos para prédio novo a fim de receber melhor a clientela e os animais", diz o gerente.

Para Márcio, praticamente em cada família na cidade há um pequeno animal, com predominância de cães sobre os gatos, que vem em segundo lugar. E mesmo considerando que criar um animal acarreta certo custo financeiro, dado os valores elevados dos produtos e medicamentos, que, segundo ele, na maioria das vezes são mais elevados do que os produtos para humanos, não afeta o mercado. "Sabemos que o poder aquisitivo aqui na região é baixo, mas isso não afeta o mercado e os criadores, que criam e investem em bons produtos para os seus animais de estimação". Cita que um medicamento para simples dor de cabeça em pequenos animais chega a ser três vezes mais elevado do que o de um medicamento para seres humanos.

Ainda nesse aspecto, o gerente compara a relação de investimento e afetividade do criador de grandes animais e o criador de animais como cães e gatos. "O criador de grandes animais, normalmente da zona rural procura sempre o produto mais barato para o seu animal, que normalmente cria para negociar. Já o criador de cães e gatos cria por amor e não economiza na hora de oferecer o melhor para o seu animal", analisa.

Márcio Calaça, representante comercial que há cinco anos abastece o mercado da região com produtos e medicamentos para pequenos e grandes animais, confirma e comemora o crescimento do mercado. "Muito crescente nos últimos três anos aqui em Crateús, onde o comércio é maior e inclusive com a abertura de novas lojas em cidades aqui da região, como Independência e Tamboril e as nossas vendas aumentaram bastante". Para ele, cada vez mais os criadores tem um maior vínculo com os animais de estimação. "É impressionante como hoje eles são considerados pelos donos como membros da família", diz.

A jovem Bruna Fernandes, na loja comprando acessórios e brinquedinhos para a sua cadela poodle Teka, confirma o seu amor pelo animal. "A Teka é como uma filha para mim, crio desde pequena e a adoro". Diz que sempre procura produtos novos para o animal e que desde criança tem apego com cães. "Eles tiram o stress", diz.

Pequenas cirurgias
Os criadores de cães são os que mais vão às compras. Levam o cão para a clínica a fim de realizar cuidados médicos, como consultas, exames, vacinação e tratamento de pele. Estes últimos normalmente ocasionados por sarnas, alergias ou problemas hormonais. E levam também para adquirir produtos de higiene, como shampoos, cremes, roupinhas, brinquedinhos e outros itens "supérfluos". "Chegam a adquirir produtos mais caros do que o que elas próprias consomem para si e comentam conosco com a maior satisfação", relata Márcio, que além de gerente é auxiliar de cirurgias na clínica. E, como não poderia deixar de ser, também é criador. Ele e a esposa são donos de dois gatos. Confidencia que somente dormem quando os felinos estão seguros em casa. E no quarto com eles.

De acordo com ele, os gatos são os maiores clientes quando o assunto é cirurgia. Ou melhor, as gatas. Os donos normalmente procuram o atendimento para fazer a cirurgia de ligação planejada a fim de impedir a procriação.

Oportunidade
"O mercado está muito crescente nos últimos três anos aqui em Crateús"

Márcio Calaça
Representante comercial

"Hoje o que se colocar para vender de produtos destinados a cães, vende"

Márcio Gleidson
Gerente de loja


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Autor (a): Silvania Claudino, repórter

Fonte: www.diariodonordeste.globo.com